Canto do Taiguara

O CANTO Do Pássaro Mais Livre Do Planeta!

22.7.05

DESCOBERTA DA AMÉRICA



Taiguara

Eu Vejo O Mundo Como Um Grande Quarto Escuro
Onde A Verdade E Possuída Por Prazer,
No Leito Impuro Onde Se Larga E Se Abandona
A Flor Humana, Renascida Pra Sofrer

Eu Vejo O Mundo Como Um Rio De Águas Turvas,
Que Só Refletem O Céu Sombrio Sem O Azul
E Na Incerteza Desse Rumo Em Suas Curvas
Vejo O Meu Povo, Vejo A América Do Sul.

Mulher Que Eu Sei Que Vai Despertar
Ferir A Fome, Fazer Cantar,
Que Um Sol Nasceu Nas Enchentes,
Que A Luz Na Sorte Das Gentes,
Que O Amor Da Gente Vai Ter Seu Lar

Vem Linda E Livre Que Eu Vou Te Amar
Minha Amazona Meu Rio-Mar
Meu Sangue Corre Em Teu Leito
Teu Sangue Escorre Em Meu Peito
Meu Sangue Morre De Te Esperar

Enquanto O Sol Me Acende A Sede Nesse Norte
Teu Transe Atlântico Faz Forte O Meu Amor
Teu Ser Pacífico Faz Guerra A Minha Morte
E Eu Tenho A Vida Devolvida Em Teu Vapor

Minha Morena Eu Te Quero Ver Cantando
Alimentando O Meu Viver Com A Tua Paz
Teu Corpo Imenso Se Integrando E Se Entregando
A Quem Te Amou, A Quem Sangrou Por Teus Iguais

Janela Aberta Pro Mesmo Sol,
Que Nos Desperta Da Mesma Dor.
Eu Sinto Aberta A Ferida
Que A Luta Incerta Da Vida
Abriu Na Carne De Quem Sofreu.

Janela Aberta Pro Mesmo Sol,
Que Nos Desperta Prum Novo Amor.
O Céu Te Oferta O Futuro
Que O Sol Liberta Do Escuro,
Pra Descoberta Do Que É Teu

17.7.05

PÁSSARO LIVRE E MANHÃS QUE VOAM

NO COLO DA NUVEM

LINDÍSSIMO PAINEL


Taiguara

Além da existência
Por sobre as imagens
À margem da vida
Há o sonho
Há o sonho
Atras dos espelhos
Debaixo das pedras
Do fundo das dores
Há o sonho
Há o sonho
No sangue em manchete
Na selva das ruas
Na cela em meu quarto
Eu sonho
Meu sonho
Nos leva ao orgasmo
Nos cobre de estrelas
No colo da nuvem
Amamos
Amamos

IMYRA, TAYRA, IPY

No Brasil de Taiguara e nosso pais... não tem! Como aceitar?!



IMYRA TAYRA IPY - TAIGUARA (REMASTERED) Japão
Preço: R$ 153,88

MEMÓRIA LIVRE DE LEILA (LEILA DINIZ)



Taiguara

Essa menina livre que Deus chamou
Essa mulher de sol que se deu e amou
Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade
Essa bruxa solta pela cidade
Não vai partir, não vai morrer...

Essa verdade santa que fez igual
O coração e a carne e o bem e o mal
Essa paixão de vidro que abria o peito de quem sofria
Que abria a flor pra quem não sabia
Não vai secar, não vai calar

E esses amantes livres que já nasceram
Vão ser iguais no amor homens e mulheres
Vão ser o mesmo barro no mesmo chão
A mesma porta aberta com a mesma mão
Lá fora a mesma chance e o mesmo perdão

E que da tua boca não saia mais
O que faz dois amantes dois desiguais
E que na tua cuca não entre mais essa diferença
Que faz tombar uma companheira que vem somar
Que vem amar

E essa menina livre que Deus chamou
Essa mulher de sol que se deu e amou
Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade
Essa bruxa solta pela cidade
Não vai partir, não vai morrer
Vai viver no amor de cada mulher

14.7.05

POR GABRIEL PERISSÉ

Por minha admiração e apreço ao Professor,
aqui registro seu texto lindo.



Vários jovens brasileiros se chamam Taiguara porque seus pais eram fãs do cantor e compositor Taiguara, que morreu no dia 14 de fevereiro de 1996.

Há artistas assim, que ficam na memória embora praticamente invisíveis. E de repente uma canção, uma referência, um artigo como este fazem a gente lembrar: "nossa, é mesmo... o Taiguara!"

Algumas pessoas ainda nem sabem com certeza que ele faleceu.

Outras sabem, mas desconhecem os detalhes, o que, aliás, foi intencional. Os amigos e parentes de Taiguara (que tanto boicote sofreu da mídia nas décadas de 80 e 90) não permitiram que ele se transformasse num "produto" para os muito vivos.

Na Internet, aumenta aos poucos o número de sites em que se fala de Taiguara.

Mas quem foi Taiguara?

Mesmo os mais apaixonados não fazem idéia da quantidade e qualidade de alegrias e dores que este poeta experimentou, porque tudo nele era tudo ou nada, e nada era à toa. Tudo em sua vida teve a marca das esperanças fortes, dos sentimentos fortes, e por isso sua música era igualmente forte, daquela força que, mesmo subterrânea, volta à tona a qualquer momento.

A história da música popular brasileira ainda terá que passar a limpo a vida desse "personagem", que é único por diversos motivos, por seu estilo inconfundível, por sua versatilidade, e especialmente por sua entrega aos ideais socialistas, num espírito de real abnegação, sacrificando seu tempo e saúde, e expondo-se aos caprichos da censura.

O poeta Taiguara, porém, independentemente dessa revisão, necessária, tem a sua própria história já inscrita nas palavras que combinou e cantou:

Ninguém é bom sendo o que não é

Eu... pra ser feliz com mentira

Melhor que eu chore com fé.

Estes e outros versos, claro, só atingem sua plenitude de sentido no contexto da música, quando o seu piano e, mais ainda, sua voz criavam para quem os ouvia o encontro sempre original.

Quando se escreve um artigo como este, costuma-se terminar com as palavras do artista que se recorda.

Não fugirei à regra:

Olhando o dia de chuva

Vi que mais triste era eu

Que sem estrela e sem lua

Te procurava no céu

Fiz do piano a viola

Fiz de mim mesmo o amigo

Fiz da verdade uma história

Fiz do meu som meu abrigo



Gabriel Perissé é autor dos livros LER, PENSAR E ESCREVER
e O LEITOR CRIATIVO

Obrigado companheiro.

10.7.05

INERTE

Jocimar

Quando a luz do dia irradia
E some com a escuridão
Eu só lembro de você,
O dia nasce e eu anoiteço.
Engraçado e espantoso,
É como se eu revivesse
E em seguida morresse.
A sua lembrança é tão viva
E a sua ausência me faz inerte
"Inerte como a morte"
Cantou Taiguara.
O seu vir é transitório, ilusório
E eu fico suspenso no ar
Entre ter e sonhar.

Vem, vem..., penso
Entre, vem me amar...,
Agite meu sangue,
Sussurre meu nome, querida,
Põe sol na minha vida,

Chegue, vem me amar...,
Grite meu nome, querida,
Me mostre que a existência
Não está perdida,
Amanheça a minha vida.


9.7.05

TAIGUARA: mestre musical, mano maior, magnífico.



Aliteração:
s. f.,
repetição das mesmas letras ou sílabas em vocábulos seguidos,
a fim de produzir um efeito intencional ou de harmonia.


Taiguara> tem várias canções com este criar...

"Vê como um fogo brando funde um ferro duro"

"Faz em fera a flor ferida..."

"Caramelos - braços belos -
debruando o branco do vestido...
Tetas tesas recheando e
retesando a teia do tecido...
Que ousadia! Que beleza!
... me perdoe - ao pobre - a Poesia..."


Nesta canção uma aula de aliteração.

Leia com atenção.

MARIA JOSÉ

Francos seus olhos me fitam
Forte, sua fronte medita
Fundo, sua fibra me grita:
fora de mim co'a fraqueza!
Cá dentro é firmeza!
Pois quem acredita
faz a verdade fluir mais bonita
E entra
E enfrenta
E confia até o fim
Se desafia
Se afia
Encarna enfim...

Fartos, seus lábios me atritam
Feto, meu corpo lhe habita
o ventre, floresta afrodita
entre afro-bronzes, faceira
febril, brasileira,
fuleira e faminta
Fonte aguardente
Fogueira infinita!
Me ama!
Me inflama!
Me toma até o fim
Fica
Me esfria
Me afaga a fadiga assim...

Frágil, seu passo se agita
Fracos, meus braços levitam
Férteis, dois sambas se imitam
Fora nos ferve o verão
Dentro o samba é um vulcão
E ela então, nem hesita
Faz a vontade fulgir mais aflita
e pisa e deslisa e improvisa e põe fé
Sem fantasia, essa filha de Oxumaré
sabe que o samba é a magia no pé
E assim é Maria José

Samba, Maria com fé
Samba, mania no pé
Samba pra Vila Isabel
Samba pra Padre Miguel
Samba, Maria José!

CARNE E OSSO

Taiguara

Eu quero sim
Eu quero coisas novas
Mas o que eu procuro mesmo são mais vidas
Eu grito sim
Mas grito meu lirismo
E o meu grito vai sanar minhas feridas

E a música e a mística
Aplicam sangue novo no meu ser
Calam minha dor
E o lúcido, e o válido e o sólido
Vão matar você que evita o seu amor

Por isso eu vou
Trazer você comigo
Programar o amor em seus computadores
Vou mais além
Eu morro mas consigo
Germinar a minha flor em seus rancores

Nem dúvidas, nem dívidas
Jamais vão destruir a minha flor dentro de você
Que cérebro, que máquina?
Conseguem fazer mais que um grande amor
dentro de você

Saiba quem agride a minha lira
Quanto mais ferida, mais diz o que sente
Ainda vou ouvir você dizer pra mim, EU AMO SIM
Sou carne, sou osso, sou gente

4.7.05

PRA LAETITIA

PRA LAETITIA
(Taiguara)


Meu irmão. Letícia chora

E eu agora sei porquê

Foi tragada pelo mundo

E tem medo



Meu irmão, chegou a hora

De Letícia conhecer

O outro lado dessa história

E ir embora



Vai ser branco o barco a vela

E eu vou ver Letícia ir

Vermelhando a carne pura

Se envolvendo na ventura



Quando eu vir Letícia amando

Mergulhada em seu vapor

Vai ser como um sol queimando

Me fervendo de amor



Obs.; Minha filha é Marcela, por causa do
BERÇO DE MARCELA - linda canção deste TAIGUARA -

Agora, minha netinha é LETÍCIA -
e, aparentemente,
não é por causa desta canção...
mas,


tem os mistérios,
a intuição,
tem a intenção,
tem a coincidência,
tem a natureza,
tem a homenagem inconsciente,
tem a gratidão,
tem sempre a emoção,
tem na vida a lindeza,

Deus sempre manda notícia...
de que modo for
e tem a lindinha LETÍCIA...
me fervendo de amor.

MEU DEUS!

Meu Deus!

Hoje a saudade do artista maior bateu forte.
Eis-me reouvindo sua magistral obra.
Aplaco a saudade que invade a minha sorte
E confirmo a única vivás atenuante manobra
Pra esta saudade verdadeira - tão só minha.
É a certeza que por outras plagas ele caminha


Então, amigo Tai:

A sua pele foi transformada em pétala de luz
Não perco o seu tempo e o amor que me conduz
Você está feliz, resplandescente como quê!
Ah! Eu ainda preciso, preciso muito de você!

O meu abraço de fé. Companheiro.

SEM TAIGUARA, A VIDA, QUE PENA!

Os olhos não cansam de ver TAIGUARA.
O coração saltimbanca e se oxigena.
A alegria rodamoinha e se escancara
Mas sem Taiguara, a vida: que pena!

TAIGUARA ME RONDA

Hoje estou uma casquinha de biju
Feito lábio de recém-nascido
Exatamente igual quando
Estamos apaixonados e tomamos um fora
Igual quando recebemos um pito sem merecer
Hoje estou uma pétala à flor da pele
Tropeçar sem nunca chegar ao chão
Imagem bonita que esquecemos
Alegria que perdemos
Um grito lancinante com eco no coração
Igual a um poema sem o verso final
Salto sem pára-quedas
Cena bonita não vista pelo embaçar da comoção
Alçar-se ao céu que nunca chega
Estou afim de tudo e de nada

E não é depressão

É saudade dele!




Saudade dele, ou - quem sabe? - de mim,
daquele 1974: tempo de esperança e juventude.

3.7.05

EU GOSTARIA QUE HOUVESSE COISAS LEVES

Nuvens branquinhas brincando de ciranda
Criancinhas sem brinquedos disputados
Ursinho de pelúcia substituindo afetos
Beija-flor enamorado abanando mel
Chumaço perfumado de algodão rosa
Falha de o frontal dente ser indiferente
Olhar de futuro-luz de menino inocente
Um velho circo barulhento chegando

Eu gostaria que houvesse coisas leves

Brisa sibilante ao nascer do amanhecer
Pouco gelado guaraná bebido como champanhe
Primeiro dia de férias escolar
Hálito de bebê recém-nascido
Canção de esperança do Taiguara
Anão bonito e feliz no emprego digno
Vento sábio dispersando com um abraço
A poeira acumulada da solidão

Eu gostaria que houvesse coisas leves

Gafanhoto pousando de feio e simpático
Tela branca esperando a poesia pousar
No amor o humor do adeus de ficar
Sonhador ressonar do depois de amar
Valsa primaveril dos quinze anos com o pai
Focinho gelado da lebre a cheirar os beijos
Delícia do suspiro ao imaginar toque-arrepio
O locupletar-se da mulher ao saber-se amada


Eu gostaria que houvesse coisas leves

Pausa entre as palavras de Chico Xavier
Aspirar o ar do pomar florido de oxigênio
O rosto amado desfilando por beijos bons
Pétalas de rosas verdes valsando no chuvisco
Alma retornando sem cansaço ao espaço
Sementes de paina construindo ninhos
Sinfonia matinal de um pássaro livre
Mais freqüente o sorriso da netinha ausente

AO VER FOTOS COMO ESTA...


Penso que a noite verei um show do TAIGUARA.
Então oro para sonhar que vou assistí-lo.
Este sonho jamais acaba, mesmo que seja dia.
Este dia jamais acaba, mesmo que seja sonho.

PRESENÇA TAIGUARIANA



Este arrepio que agora me perpassa

Durará a noite inteira na esteira

Da alegria que me abraça, me enlaça

Serei Taiguara sempre, a vida inteira.

Este desejo de taiguariar não passa...

2.7.05

EM QUE ARES?



EM QUE ARES?
Maria da Graça Almeida

Com a vida decantada,
fez da nota a namorada,
numa pauta musical,
pôs no amor novo sinal.

Nas viagens das Helenas,
afogou mágoas amenas.
Se à visão hoje se nega
pela voz inda se entrega.

Em sua íris havia Iaras
melodiosas e raras.
Qual o tom que ora o ampara,
ó menino Taiguara?

ACRÓSTICO



T em a fôrça da luta
A persistência da certeza
I ndividualidade do gênio
G uarda sonhos a realizar
U rgência de ver o bem vencer
A nseia liberdade de expressão
R aciocina também com o coração
A ma a humanidade sem voz ouvida