EU VI UM ANJO - Por Garret Quetzal

Eu vi um anjo de cabelos encaracolados tocando piano e sonhando com um tempo melhor. Vi sua alma...Anjos têm alma e era da cor que eu via, de um tom inexprimível, porque era uma cor tão única e ao mesmo tempo tão múltipla. Eram todas as cores e ao mesmo tempo uma. Fiquei ali observando, Tentando decifrar o que me dizia aquela visão. Sei que alguma coisa tentava me revelar, queria se comunicar comigo. Ali, naquele estado de contemplação, dormi um sono profundo e inesperado; quando acordei, entendi: Era um novo olhar sobre o mundo, uma nova cultura, uma nova língua, Um novo jeito de se relacionar com o todo. Era TAIGUARA, um anjo e um país. Pura abstração. Não estava em lugar algum, mas em todos os lugares.
Descobri então que, na verdade eu havia morrido e renascido neste lugar e desde então sou taiguariano, Não taiguariense, porque taiguariense dá idéia de um lugar concreto em alguma parte do mundo físico, mas taiguariano, taiguariano está em toda parte ao mesmo tempo, também está inteiro no lugar onde estiver seu corpo físico. Vivo agora em Taiguara, ouvindo as crianças cantarem livres sobre os muros, gritando o meu lirismo, mudando as rimas do meu verso cru. Estou no lugar onde essa angústia se desfaz e o veneno e a solidão mudam de cor, cantando que desisto sem nunca desistir, enfim, encontrei a manhã que eu perseguia, e em cadeias de amor puro vivo guardado, jogando areias do futuro no meu passado. Taiguara, significa amanhecer, também significa, resistir, amar a tudo, sonhar com um tempo melhor, mais justo; não no sentido da justeza farisaica, mas no sentido da igualdade, nunca no sentido da uniformidade, sempre no sentido da solidariedade. Taiguara é o meu país.
Quem nasce ou renasce em Taiguara como eu, fala o taiguaranês e é taiguariano.
Eu vi um anjo e ele era lindo!